Instinto materno. Resposta inata, ou construção social?
- Ingrid Dantas
- 22 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2021

O conceito de maternidade foi mudando ao longo da história, de acordo com as ideologias de cada época.
A idéia de instinto materno, refere-se a teoria de que uma mãe teria um instinto a partir do nascimento do bebê, e saberia (como mágica) fazer tudo que fosse necessário, identificar o tipo de choro, dar banho, colocar pra durmir, tudo isso nasceria junto com seu bebê e naturalmente ela estaria "pronta", como uma resposta inata. E como o próprio nome diz, é pura teoria. De fato, nossa espécie humana não possui esse instinto, e essa imposição da sociedade vem de um época em que a taxa de mortalidade infantil era muito alta, mais ou menos entre os séculos XVI e XVII, pois não havia na sociedade nem nas mães, interesse pelo recém nascido, e era muito comum que estes fossem criados por amas longe da família. Sendo assim, somente em meados do século XVIII foi que surgiu a necessidades de mudar a concepção de maternidade a partir de uma crítica de Rousseau sobre como as mães lidavam com a maternidade, e que elas precisavam amamentar e criar seus filhos. Desse forma, surgiu o conceito de "instinto materno", uma conecção entre maternidade e moralidade, o que posteriormente iniciou um grande sensação de impotência nas mulheres que supostamente não teriam esse tal "instinto materno".
O que atualmente o senso comum chama de instinto materno, é a forma mais natural em que a maioria da mulheres lida com a maternidade. O que para uma parte pode parece fácil e natural, cuidar e amar seu bebê. Pode ser em contrapartida, para uma outra parcela da sociedade, uma missão crucial.
Todas nos aprendemos a ser mães, isso não é um papel inato, mas sim aprendido através de observação e reprodução. Se você acha natural a maternidade, e acredita ter esse "instinto materno", significa que em algum momento da sua vida você aprendeu aquele comportamentos e aquelas ideias, e assim reproduz quase que inconscientemente e naturalmente com seu filho.
O que nada tem a ver com o fato de você amar o seu filho, só pra deixar claro! Estamos falando de comportamentos, de maternar. Cuidar, ensinar, brincar etc.
Mas se, ao tornar-se mãe você não se sente nada pronta, e tudo parece tão difícil, desafiador e desgastante, não se preocupe, você ainda será uma boa mãe no final do dia. Você apenas precisa de tempo para aprender a maternar, e mesmo assim se a sua experiência for para além de diferente, um pouco mais ardua do que as demais, procure ajuda, ou saia um poquinho de cena, proporcionando ao seu filho o cuidado de uma terceira pessoa para que você possa cuidar de si.
Não se cobre tanto, a gente só dá aquilo tem!
Nunca baseie a sua experiência na da sua vizinha, cada um é fruto da sua própria vivência. O que para uns pode parecer instinto, para outras é aprendizado.
Tornar-se mãe precisa de tempo e paciência.
ความคิดเห็น